REDESCOBRINDO NOSSA CIDADE
Este texto nos faz viajar no tempo, fazendo-nos reviver a história
de nossos antepassados, uma história regada de muita garra e suor.
Cavalgue conosco e conheça um pouco mais de nossa história.
Marcelino Vieira, o sertão nasce aqui. A cavalgada dos freijós e a reinvenção de uma História.
Por Romualdo Carneiro
...os vaqueiros se reúnem às 05:00 horas da matina, na zona
urbana, na travessa Passagem do Freijó – menção a abundância de freijós,
árvore frondosa nativa da caatinga, que servia de descanso para as
vacarias e tropeiros – e que hoje serve de ponto de encontro de
vaqueiros da região. Com a entoada de aboiação do mestre vaqueiro
“Zé Preto”, representante da fazenda “Vitória”, os vaqueiros partem e
cavalgam pela zona rural, seguindo o percurso das passagens de gado, com
previsões de paradas nas fazendas, sempre ao lado dos currais e
esperada pelas pessoas da localidade, vez que, já houve um apoderamento
desse evento cultural por parte das comunidades rurais. Em cada parada
existe uma programação cultural, que se realiza assim: na primeira
parada que acontece às 08:00 horas da manhã, os vaqueiros são
recepcionados pelo dono da fazenda, que recepciona a cavalgada na
porteira da propriedade, com um aboio de boas vindas, feito pelo seu
vaqueiro, servindo, a vaqueirama, em caneca de porcelana, com uma forma
de tirar leite, leite cru, além de café e queijo, quebrando o jejum da
aurora. Logo depois, ao lado do curral é realizada uma sessão de aboio,
puxada pelo mestre vaqueiro “Zé Preto”. A cavalgada segue, passando
pelas comunidades rurais, sendo aplaudidas em cada passagem, em direção a
próxima parada, que ocorre às 11:00 horas. Nesta parada, os vaqueiros
se apeiam, as alimárias são arriadas e os animais são colocados a
descanso, para horas depois dá seguimento ao percurso. Na parada, que se
realiza debaixo de uma árvore frondosa de juazeiro, a qual dá nome ao
lugar, é servido o maná, carne de cabrito assada, mungunzá, feijão
tropeiro, tudo feito numa trempe de fogão à lenha em panela de barro,
que momentaneamente, são declamados cordéis e histórias de barbatões.
Feito o descanso devido, a cavalgada continua ao seu destino final, pé
da Serra de Panatís, vilarejo rural do município de Marcelino Vieira,
chegando ao entardecer, esperada por toda a comunidade e autoridades do
município, acontece o ponto máximo do evento, com aboios,
pronunciamentos e shows de cantadores de violas, sendo servido a
coalhada com rapa de rapadura e cuzcuz; culminando com um forró de
latada em chão de barro batido, tocado por sanfoneiros locais.
Ah... se meu presente tivesse a essência e a singeleza dos tempos de outrora!
Romualdo Carneiro – Bacharel e Licenciado em História / UFRN
Postado por ideiaVERMELHA - http://www.ideiavermelha.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário