sábado, 5 de maio de 2012

No quadro "REDESCOBRINDO NOSSA CIDADE" o blog Ideia Vermelha redescobre a alma sertaneja

REDESCOBRINDO NOSSA CIDADE

Este texto nos faz viajar no tempo, fazendo-nos reviver a história de nossos antepassados, uma história regada de muita garra e suor. Cavalgue conosco e conheça um pouco mais de nossa história.
 
Marcelino Vieira, o sertão nasce aqui. A cavalgada dos freijós e a reinvenção de uma História.
Por Romualdo Carneiro
          ...os vaqueiros se reúnem às 05:00 horas da matina, na zona urbana, na travessa Passagem do Freijó – menção a abundância de freijós, árvore frondosa nativa da caatinga, que servia de descanso para as vacarias e tropeiros – e que hoje serve de ponto de encontro de vaqueiros da região.      Com a entoada de aboiação do mestre vaqueiro “Zé Preto”, representante da fazenda “Vitória”, os vaqueiros partem e cavalgam pela zona rural, seguindo o percurso das passagens de gado, com previsões de paradas nas fazendas, sempre ao lado dos currais e esperada pelas pessoas da localidade, vez que, já houve um apoderamento desse evento cultural por parte das comunidades rurais. Em cada parada existe uma programação cultural, que se realiza assim: na primeira parada que acontece às 08:00 horas da manhã, os vaqueiros são recepcionados pelo dono da fazenda, que recepciona a cavalgada na porteira da propriedade, com um aboio de boas vindas, feito pelo seu vaqueiro, servindo, a vaqueirama, em caneca de porcelana, com uma forma de tirar leite, leite cru, além de café e queijo, quebrando o jejum da aurora. Logo depois, ao lado do curral é realizada uma sessão de aboio, puxada pelo mestre vaqueiro “Zé Preto”. A cavalgada segue, passando pelas comunidades rurais, sendo aplaudidas em cada passagem, em direção a próxima parada, que ocorre às 11:00 horas. Nesta parada, os vaqueiros se apeiam, as alimárias são arriadas e os animais são colocados a descanso, para horas depois dá seguimento ao percurso. Na parada, que se realiza debaixo de uma árvore frondosa de juazeiro, a qual dá nome ao lugar, é servido o maná, carne de cabrito assada, mungunzá, feijão tropeiro, tudo feito numa trempe de fogão à lenha em panela de barro, que momentaneamente, são declamados cordéis e histórias de barbatões. Feito o descanso devido, a cavalgada continua ao seu destino final, pé da Serra de Panatís, vilarejo rural do município de Marcelino Vieira, chegando ao entardecer, esperada por toda a comunidade e autoridades do município, acontece o ponto máximo do evento, com aboios, pronunciamentos e shows de cantadores de violas, sendo servido a coalhada com rapa de rapadura e cuzcuz; culminando com um forró de latada em chão de barro batido, tocado por sanfoneiros locais.
            Ah... se meu presente tivesse a essência e a singeleza dos tempos de outrora!
Romualdo Carneiro – Bacharel e Licenciado em História / UFRN
Postado por ideiaVERMELHA - http://www.ideiavermelha.blogspot.com.br/

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